quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Vinte e poucos ...

"But I’m still having fun and I guess that's the key,
I'm a twenty something and I'll keep being me ..."
-Twentysomething (Jamie Cullum)

Muito se fala sobre ter vinte e poucos anos (e nem estou falando do Fábio Jr. ou dos Raimundos) e, pelo visto, o caos predominante desta fase não se limita às lendas populares e conselhos de família.
Começo este blog, feito sabe-se lá porquê no tédio de uma madrugada de quinta-feira, dissertando sobre as maravilhas e desastres de entrar na crise dos "vinte-e-poucos anos".
Nesta idade (que compreende, obviamente, a faixa de 20 à 29 anos e antecipa a famosa crise dos trinta) você com certeza já filosofou sobre certas coisas que envolvem a sua vida (e a alheia também).
Começa a se indagar, por exemplo, se o que conquistou até então era o que realmente queria. Se o caminho (e alguns casos, caminhos - inclusive opostos) que está percorrendo chegará a um destino final satisfatório ou se você de fato ao menos sabe o que você quer pra sua vida.
Vejo (e muitas vezes faço o mesmo) as pessoas que comigo compartilham as mesmas angústias tentarem abraçar o mundo inteiro de uma vez e simplesmente não concretizar nada por completo. Projetos mil, qualidade zero.
Aos vinte-e-poucos, você com certeza também já viveu algumas coisinhas e aprendeu lições básicas para uma vida inteira. Já experimentou alguns erros. Já adquiriu alguns vícios de personalidade. Já mudou certos hábitos antigos (pra melhor ou pra pior). Já amou, no mínimo, uma vez. E igualmente se decepcionou. Já percebeu que os relacionamentos são muito mais complexos que as provocações de pátio de colégio, portas de shopping centers e festas de aniversário. Já notou que o sorriso perdeu a inocência para a sedução. Que a curiosidade do olhar cedeu espaço para o desejo de conquistar. Já inventou teorias para um mundo melhor. Já acreditou (e se já não desacreditou, desacreditará) que conseguiria mudar a humanidade inteira sozinho. Já pensou em largar tudo, em começar de novo, em consertar, em espernear, em gritar, em dançar tango no telhado, em sair mendigando, em caminhar pela madrugada sem direção definida, apenas com um bom agasalho e seu disco favorito no mp3 ...
Na fase do "definitivamente talvez", em que as decisões parecem tão importantes e impossíveis de serem tomadas por toda uma eternidade, nos encaixamos no meio termo do mundo: muito velhos para não formar uma opinião e muito jovens para que a mesma seja totalmente levada em conta. Como já escreveu Jeff Buckley: "too young to hold on and too old to just break free and run".
A ansiedade, as questões, os nervos à flor da pele e o stress assumem o comando.
Um dia queremos girar o planeta com nossas próprias mãos se possível fosse. No outro, imploramos uma pausa como se nosso umbigo fosse a causa do movimento da rotação terrestre.
Mas ainda assim, sabemos muito bem que vivemos uma época excelente. Que esse é o nosso tempo, a nossa hora. Que se os dias passam mais rápido que antes, ainda assim são proporcionalmente intensos. Que o horizonte não é de todo ruim. Que estas são nossas últimas chances de extravasar, de conhecer, de caleijar, enfim, de - paradoxalmente - viver (antes de a vida começar).