terça-feira, 29 de junho de 2010

Algo a mais ...

Quando a comparação constante com os fantasmas do passado é um fardo muito grande a carregar.

É frustrante ver a intenção de atingir os mesmos significados perder a batalha e escorrer gélida pelos seus hesitantes dedos, como um pintor de parede tentando recriar a natureza em uma tela e não alcançar a perfeição de um Picasso – sem exposições nos museus sentimentais alheios. Há sempre (e no mínimo) um detalhe bloqueando o êxito. Aquela árvore importante que você deixou de desenhar porque se preocupou demais com o céu. Os tons, cores e relevos em contraste por sua desatenção, preteridos pela técnica do pincel que no fim de nada valia em separado do espetáculo geral da obra.

A questão do próprio desenvolvimento pessoal parece irrelevante quando vistas algumas falhas ou diferenças. Talvez, alguns nasceram para o Cordon Bleu e outros sempre queimarão o feijão e empaparão o arroz.

E a despeito do que supõe toda utópica hipótese de auto-alívio sobre as especialidades singulares que possui cada indivíduo, você perde em demasiados quesitos e diversas vertentes. Não por um fato isolado para balanceamento, mas pelo conjunto das histórias vividas, cada uma com sua peculiaridade a qual você não consegue vencer.

Implicitamente desesperado, lhe restam tentativas vãs de um diferencial significativo – aquele gesto único de esperança em tatuar na lembrança a sua existência. Se não pelo efervescente desejo de posse e entrega total que a paixão alimenta, pelo carinho contínuo, memórias e auxílio mútuo como só o amor tem a oferecer.