segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Brasil, Europa, qualquer lugar ...

Ver uma notícia estranha hoje no jornal ("I read the news today, oh boy...") me fez refletir.

A reportagem falava sobre como a busca por uma identidade fixa e padrão européia influenciava no aumento dessa xenofobia que há muito mancha a imagem do continente pelo planeta.
E um tópico curioso, para mim, do texto, era que os italianos limitaram o número de restaurantes especializados em comidas exóticas no país.

Agora o que me chamou atenção não foi necessariamente a medida de certo modo engraçada do governo italiano de preservar a cultura nacional, mas a hipocrisia do ato se considerarmos anos de história, principalmente na realidade brasileira.

Tempos atrás, quando muitos dos italianos fugiram de suas cidades e viajaram uma quase infinidade pelo mar em busca de outro lugar para seguir suas vidas, encontraram no Brasil um refúgio que podia não ser bom, mas que servia.

Italianos aqui sobreviviam apesar dos preconceitos sofridos, dos trabalhos impostos, das mentiras e afins. A realidade para eles era muito dura e abusiva. Muito mais do que a que é retratada e ensinada aos pequenos brasileiros que todo ano vão às escolas para limitar sua mente e fingir que serão alguém na vida.

Agora, décadas depois, a Itália resolve devolver na mesma moeda o que alguns de seus cidadãos ganharam aqui e em outros países.
Nem todo o dinheiro, informação, tecnologia e suposto conhecimento avançado que os europeus teoricamente teriam a mais se comparados com países em desenvolvimento, por exemplo, impediram que o que predominasse fosse a Lei de Talião.
No momento necessário de ser relativamente superior, de entender a raça humana como única, divergente sim em opiniões e culturas, mas totalmente irrelevante em uma tão querida evolução do planeta, a Europa se mostra tão madura quanto um aluno de jardim de infância.

Só espero que esta retroatividade filosófica se mostre apenas como uma infeliz exceção, e não como tendência mundial. Caso contrário, minha já abalada fé nas razões e emoções humanas se tornará inútil e obsoleta.