sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Os meus 65 anos ...

Decididamente eu sou um idoso rabugento e preguiçoso penalizado com o fardo de viver no corpo de um jovem rapaz de 20 anos com a vida inteira pela frente.
No momento, às 21 horas de uma sexta-feira, já estou com sono, encostado em uma cadeira, a perna esticada em outra (me cansei por ter andado meia hora hoje), no escuro, ouvindo uma rádio de jazz e, antes de começar a digitar este texto, com as mãos cruzadas sobre a barriga já em formação montanhosa.Justificar
A verdade é que eu me cansei disto que chamam de juventude.
E não estou dizendo que eu quero "uma vida adulta" (pra não escapar do clichê). O que eu digo é que eu não ligaria de já pedir minha aposentadoria.
De me mudar pro interior, sentar na varanda em uma cadeira de balanço, lendo jornal e dizendo "olá" para os jovens que passarem em frente ao meu lar.
De sentar no sofá nas reuniões familiares, apenas olhando as mudanças de um ano pra ano e reclamando do volume alto da televisão.
De escolher uma só pessoa especial para passar todo o resto da vida, cuidando, conversando, vendo o telejornal, acordando ao lado dela e achando melhor sorrir como "bom-dia" por nunca saber se aquele sorriso será ou não o último.

Eu sei que parece um pensamento medíocre e inerte.
Eu sei que parece um sonho baixo.

Mas simplesmente cansei desta vida de baladas, músicas altas, rotatividades, pouco aconchego e muita malícia.

Não que eu deixarei de sair, me divertir, fazer amizades.
O que sucede é que eu não me espanto mais. Não me há mais novidades.
Eu não me surpreendo mais com as pessoas, com as atitudes, com os fatos.
Não me assusta mais o jeito como alguém age ocasionalmente. Ou acidentes. Ou coisas assim.

E isto é coisa de quem já viveu demais.
Só que eu ainda vivi "de menos".

Quem sabe eu seja um Benjamin Button mental?

Ou talvez simplesmente um louco prepotente e ignorante.

Vai saber ...
Só o tempo dirá.